★ História do Botafogo de Futebol e Regatas
- Club de Regatas Botafogo
No dia 1º de julho de 1894, nascia na praia de Botafogo o CLUB DE REGATAS BOTAFOGO. O clube ganhou esse nome em homenagem à enseada do bairro onde competiam os seus barcos. A sede era em um casarão, demolido, no sul da praia de Botafogo, encostado ao Morro do Pasmado, onde hoje termina a Avenida Pasteur. Em 1889, surgiu uma lenda nas águas da Baía de Guanabara, a embarcação botafoguense Diva, que venceu todas as 22 regatas que disputou, sagrando-se campeã carioca.
O Club de Regatas Botafogo foi o primeiro clube carioca campeão brasileiro de alguma modalidade esportiva: de remo, em campeonato realizado no Rio de Janeiro em outubro de 1902, com a vitória do atleta Antônio Mendes de Oliveira Castro, que anos mais tarde viria a se tornar presidente do clube.
Os fundadores do Club de Regatas Botafogo: Alberto Lisboa da Cunha, Arnaldo Pereira Braga, Arthur Galvão, Augusto Martins, Carlos de Souza Freire, Eduardo Fonseca, Frederico Lorena, Henrique Jacutinga, João Penaforte, João Teixeira, José Maria Dias Braga, Julio Kreisler, Julio Ribas Junior, Luís Fonseca Quintanilha Jordão, Oscar Lisboa da Cunha e Paulo Ernesto de Azevedo.
- Botafogo Football Club
No ano de 1904, surgia no bairro de Botafogo um novo clube de futebol, o Electro Club, primeiro nome dado ao Botafogo Football Club. A associação nasceu de uma conversa entre dois amigos durante uma aula. Flávio Ramos e Emmanuel Sodré estudavam no colégio Alfredo Gomes e, durante uma aula de álgebra, nascia a primeira ideia de fundar um clube, através de um bilhete passado por Flávio a Emmanuel, que dizia: "O Ithamar tem um clube de football na Rua Martins Ferreira. Vamos fundar outro no Largo dos Leões? Podemos falar aos Werneck, ao Arthur César, ao Vicente e ao Jacques". E assim tudo começou.
Esse bilhete foi interceptado pelo professor de matemática, general Júlio Noronha, que advertiu não ser aquele o momento mais apropriado para conversas daquele tipo, ressaltando, porém, que apoiava qualquer ideia relativa à prática de esportes. Estava dado então o primeiro passo para o nascimento do Glorioso".
Naquela mesma noite, Flávio Ramos conversou com Octávio Werneck, na Rua Voluntários da Pátria, e o convidou para criarem o novo clube. Finalmente, na tarde de 12 de agosto de 1904, o clube seria formado por um grupo de colegiais com idades entre 14 e 15 anos, no chalé de um velho casarão em ruínas da Rua Conselheiro Gonzaga, esquina da Rua Humaitá com Largo dos Leões, gentilmente cedido aos garotos por Dona Chiquitota, avó materna de Flávio, grande amiga e verdadeira mãe do clube que estava nascendo."
Os meninos, que residiam no bairro de Botafogo, reuniram-se com os outros amigos em um casarão no Largo dos Leões para fundar o Electro Club. Esse foi o primeiro nome dado ao Botafogo, pois os meninos decidiram cobrar mensalidade e acharam um talão de um extinto clube com esse nome, que resolveram então adotar. Mas o Electro Club só durou até o dia 18 de setembro, quando foi feita outra reunião na casa da avó de Flávio, Dona Chiquitota, que se assustou ao saber o nome do clube e então argumentou: "Ora, morando onde vocês moram, o clube só pode se chamar Botafogo", aconselhou Dona Chiquitota. E assim foi feito. O clube então passou a se chamar Botafogo Football Club.
O primeiro amistoso ocorreu no dia 2 de outubro de 1904, contra o Football and Athletic Club, na Tijuca: derrota por 3 x 0. A primeira vitória viria no segundo jogo, em 21 de maio de 1905, sobre o Petropolitano, 1 a 0, gol de Flávio Ramos. Em 1906, o time participou do primeiro Campeonato Carioca. No ano seguinte, terminou empatado com o Fluminense, sagrando-se campeão, em título reconhecido apenas em 1996.
O primeiro Campeonato Carioca conquistado e comemorado imediatamente após o apito final foi em 1910. Com uma campanha irrepreensível, marcada por sete goleadas, o clube não apenas foi campeão como ganhou o apelido de Glorioso. Dois anos mais tarde, novo título carioca.
Na década de 30, outra época gloriosa. O time conquistou o tetracampeonato carioca, de 1932 a 1935, feito inédito no Rio de Janeiro. Assim nascia o Botafogo Football Club, que depois de trinta e oito anos de existência uniu-se ao outro Botafogo, o de Regatas, dando início ao Botafogo de futebol e Regatas.
Fundadores: Álvaro Werneck, Arthur Cesar de Andrade, Augusto Paranhos Fontenele, Basílio Viana Junior, Carlos Bastos Neto, Emanuel de Almeida Sodré, Eurico Viveiros de Castro, Flávio da Silva Ramos, Jacques Raimundo Ferreira da Silva, Lourival Costa, Octávio Werneck, Vicente Licínio Cardoso.
- Botafogo de Futebol e Regatas
O Botafogo de Futebol e Regatas nasceu oficialmente no dia 8 de dezembro de 1942, como resultado da fusão de dois clubes com o mesmo nome: o Club de Regatas Botafogo e o Botafogo Football Club. Os dois clubes tinham suas sedes no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e se uniram depois de um triste fato.
No dia 11 de junho de 1942, os dois clubes disputavam uma partida de basquete pelo Campeonato Estadual e o jogador Albano, do Botafogo F.C., durante o intervalo, caiu em quadra, vítima de um ataque fulminante. A partida foi interrompida a dez minutos do final, quando o placar marcava CRB 21x 23 BFC. O corpo de Albano saiu da sede de General Severiano e, quando passava em frente ao Mourisco Mar, o então presidente do C.R.Botafogo, Augusto Frederico Schimidt, disse: "Comunico nesta hora a Albano que a sua última partida resultou numa nítida vitória. O tempo que resta do jogo interrompido os nossos jogadores não disputarão mais". O então presidente do Botafogo Football Club, Eduardo Góis Trindade, respondeu: "Nas disputas entre os nossos clubes só pode haver um vencedor, o Botafogo!" Schimidt então selou a fusão: "O que mais é preciso para que os nossos dois clubes sejam um só?".
Com a fusão foram feitas apenas três alterações: a bandeira perdeu o escudo das letras entrelaçadas do CRB e ganhou a estrela solitária do Botafogo Football Club; a equipe passou a usar calções pretos e a bandeira ganhou um retângulo preto, com uma estrela branca ao alto. Nos anos 30, durante a cisão entre amadores e profissionais, o Botafogo conquistou o único tetra do Campeonato Carioca, representado por quatro estrelas acima do escudo na camisa. Atualmente, porém, o Botafogo não utiliza mais essas estrelas complementares, deixando apenas a do escudo e fazendo valer o apelido de Estrela Solitária.
O primeiro título veio seis anos depois, em 1948, com Carlito Rocha como dirigente e o cachorro Biriba como mascote, derrotando em General Severiano o lendário Expresso da Vitória, do Vasco da Gama. Os anos que se seguiram foram marcados por vitórias e ídolos. Em 1957, o título carioca foi conquistado com uma histórica goleada por 6 a 2 sobre o Fluminense. O time alvinegro reuniu craques como Garrincha, Nilton Santos, Didi, Quarentinha, Amarildo, Paulo Valentim e Zagallo, conquistando três Campeonatos Estaduais, três Rio-São Paulo e servindo de base para a Seleção Brasileira que conquistou as Copas do Mundo em 1958 e 1962. Outro time glorioso foi o de 1967-1968, que conquistou o bicampeonato carioca e a Taça Brasil.
A volta dos títulos começou em 21 de junho de 1989, na histórica vitória de 1 x 0 sobre o Flamengo, quebrando o jejum de 20 anos com uma campanha invicta. No ano seguinte veio o bi, em 1993 a Copa Conmebol e, em 1995, o Campeonato Brasileiro, comandado por Túlio, Gonçalves e Donizete, entre outros. No mesmo ano, o clube voltou para a antiga sede, onde a torcida comemorou a Taça Guanabara (com 100% de aproveitamento) e o Campeonato Estadual de 1997. Para completar a década, o tetracampeonato do Rio-São Paulo em 1998.
Como nada é fácil para o Botafogo, o clube voltou a passar por dificuldades. A maior delas foi a queda para a Segunda Divisão em 2002. No ano seguinte, entretanto, abraçado por sua torcida, o time garantiu o acesso. Em reconstrução, o Botafogo conquistou o Carioca em 2006 e chegou a três finais consecutivas nos anos seguintes. Paralelamente a isso, em 2007 ganhou a licitação para administrar o Estádio Olímpico João Havelange durante 20 anos.
Outras Histórias
- Primeira Década
O primeiro jogo do Botafogo Football Club foi no dia 2 de outubro de 1904, um amistoso contra o Football and Athletic Club, no campo do último, que ficava na Rua Haddock Lobo, na Tijuca. O Botafogo perdeu por 3 a 0 com este time: Flávio Ramos, Victor Faria e João Leal; Basílio Vianna, Octávio Werneck e Adhemaro De Lamare; Norman Hime, Ithamar Tavares, Álvaro Soares, Ricardo Rêgo e Carlos Bittencourt.
A primeira vitória só viria no dia 21 de maio de 1905, num amistoso contra o Petropolitano, no campo da rua Voluntários da Pátria: Botafogo 1 a 0, gol de Flávio Ramos. A segunda viria sobre o Colégio Militar. Em seguida, veio a revanche sobre o Athletic: 2 a 1, no dia 4 de junho.
Em 1906, finalmente, ocorreu a disputa do primeiro Campeonato Carioca de Futebol, organizado pela Liga Metropolitana, fundada em 21 de maio de 1905 pelos seguintes clubes: América, Athletic, Bangu, Botafogo, Fluminense e Petropolitano. O campeonato era para os primeiros e os segundos quadros, de aspirantes, que faziam as preliminares dos jogos. O Botafogo tornou-se o primeiro clube carioca a conquistar um título. O Glorioso foi campeão dos segundos quadros, competição disputada antes do torneio de primeiros quadros, vencido pelo Fluminense. Mas a conquista dos primeiros quadros não demorou, vindo em 1907 e de forma polêmica: o título foi dividido com o Fluminense, o maior rival da época. O clássico entre os dois times, anos depois, ganhou da imprensa o título de Clássico Vovô, o mais antigo do futebol brasileiro.
Mas o título mais importante da primeira década foi o de 1910, quando o Botafogo ficou conhecido como o Glorioso, adjetivo que viria a consagrá-lo e que foi recebido após a goleada de 6 a 1 sobre o Fluminense. Depois de ganhar o terceiro título em 1912 pela nova liga que fundou, AMEA (por ter brigado com o América em 1911 e abandonado a Liga Carioca), o Botafogo entrou em um longo período sem ganhar títulos estaduais (18 anos). Em compensação, ganhou torneios e jogos amistosos contra equipes de outros Estados e de outros países, principalmente da Europa, inclusive Seleções.
E aumentou seu patrimônio, saindo do Largo dos Leões, no Humaitá, para a Rua General Severiano, onde construiu sua sede e seu estádio de futebol. A sede monumental, o Palacete da Avenida Venceslau Brás (atualmente tombado e que preserva sua construção original), foi inaugurada com um grande baile em 1928. O estádio propriamente dito, com capacidade para 25 mil pessoas, foi inaugurado dez anos mais tarde, em 28 de agosto de 1938, quando o Botafogo venceu o Fluminense por 3 a 2. Antes, em 1 de outubro de 1930, a iluminação do campinho de General Severiano, cuja capacidade era para 8 mil pessoas, foi comemorada com o jogo entre o Botafogo e o Atlético Mineiro, vencido pelo alvinegro carioca por 6 a 3. O longo jejum de títulos só foi interrompido com a conquista do Campeonato Carioca de 1930.
- Décadas Gloriosas: 1930 e 1940
Ao contrário dos anos 20 do século passado, as décadas de 30 e 40 foram de muitas conquistas para o Glorioso. Veio o tetracampeonato, único entre os clubes do Rio de Janeiro: 1932, 1933, 1934 e 1935. O Botafogo tornou-se a base da Seleção Brasileira, nas Copas de 1930, 1934 e 1938, revelando para o mundo craques e mais craques. O clube contratava os que surgiam em outros clubes do Rio, do restante do país e do futebol argentino e uruguaio. Entre esses talentos, destaca-se o famoso Leônidas da Silva, o Diamante Negro, que inventou o gol de bicicleta, em um jogo da Seleção contra a Itália, na Copa de 1938. General Severiano virou um celeiro de cobras, como Martim Silveira, Canalli, Paulinho Tovar, Carvalho Leite, Nilo Murtinho Braga, Patesko, Pirica, Átila e Heleno de Freitas.
Em 1936, o Botafogo, cuja fama já atravessara o continente, fez sua primeira excursão internacional: foram nove jogos no México e nos Estados Unidos, com seis vitórias, duas derrotas e um empate. Embora tenha conquistado apenas um título carioca nos anos 1940, o de 1948, 13 anos após o tetra de 1935, essa década foi muito rica para a história do Glorioso. Além de acumular vitórias internacionais, o clube montou grandes times, recheados de craques e ídolos, como Heleno de Freitas, Nílton Santos, Geninho, Gerson Santos, Ávila, Juvenal, Oscar Basso, Paraguaio, Pirilo, Oswaldo Baliza, Rubinho e Octávio.
A incrível mascote do Campeonato Carioca de 1948 foi o cachorro Biriba, um vira-lata branco com uma mancha preta, que entrava em campo com o time nos jogos e que se tornou uma lenda mundial. A fama da mascote chegou ao ponto de o Botafogo ter suas cotas em dólares, nas excursões ao exterior, aumentadas graças a uma cláusula que exigia a presença de Biriba.
Antes do jogo final do Campeonato Estadual de 1948, contra o Vasco, em General Severiano, Biriba ficou concentrado num hotel, vigiado 24 horas por seu cão de guarda, Macaé. O filé-mignon de Biriba era experimentado por Macaé antes de a mascote comê-lo. Essa medida foi tomada pelo lendário presidente Carlito Rocha, pois os vascaínos ameaçavam envenenar o cachorro para "desfalcar" a equipe na grande decisão. Com Biriba em campo, o Botafogo venceu por 3 a 1 e ficou com o título, depois de uma série de campeonatos perdidos para o mesmo Vasco, que possuía um timaço na época e era conhecido como Expresso da Vitória.
- Anos 50
A inauguração do Estádio Mário Filho, o Maracanã, construído para a Copa de 1950, aconteceu em 16 de junho daquele ano, com uma partida entre as seleções carioca e paulista. O primeiro gol no templo do futebol mundial foi marcado por uma das lendas alvinegras, Didi. O jogo terminou com vitória paulista por 3 a 1.
O primeiro jogo do Botafogo no novo estádio ocorreu após a trágica partida da Seleção na final da Copa, perdida para o Uruguai por 2 a 1, em 16 de julho. Foi um clássico contra o América pelo Campeonato Carioca. Resultado: derrota de 4 a 2, que foi devolvida no returno (2 a 1) e que levou o rival a perder para o Vasco o título praticamente conquistado.
Antes de ganhar seu primeiro título no Maior do Mundo, em 1957, o Botafogo revelou, num jogo contra o Bonsucesso em 19 de julho de 1953, em General Severiano, o maior fenômeno da história do futebol: Manoel Francisco dos Santos, o genial Mané Garrincha.
O Maracanã veio a conhecê-lo no clássico com o Flamengo, no dia 7 de setembro. Na vitória botafoguense por 3 a 0, Garrincha fez seu primeiro gol no estádio e levou o lateral rubro-negro Jordan à loucura com dribles e cruzamentos incríveis.
A consagração definitiva de Mané veio no dia 22 de dezembro de 1957, quando ele desmontou, na final, a defesa do Fluminense na goleada de 6 a 2. Foi autor de um dos gols e contribuiu para os cinco marcados por Paulinho Valentim, outra lenda botafoguense do primeiro título alvinegro no Maracanã. O supertime era dirigido por outro mito, João Saldanha, e tinha ainda outras feras: Nílton Santos, Didi, Pampolini, Quarentinha, Servílio, Beto, Tomé, Edson e Adalberto.
- Década de 1960. Época de Ouro do Botafogo
Com a conquista do primeiro título mundial da Seleção Brasileira, em 1958, na Suécia, sendo que o time do técnico Vicente Feola tinha, além de Zagallo, três gênios alvinegros, Nílton Santos, Didi e Garrincha, os anos 60 viriam a se transformar na década de ouro do Glorioso.
Além do bicampeonato mundial do Brasil no Chile, em 1962, com os mesmos três gênios da Suécia, o Botafogo aumentou sua cota em relação a 1958, com Amarildo, que substituiu nada menos que Pelé, machucado a partir do segundo jogo. O Possesso, apelido de Amarildo, foi decisivo na campanha, que teve Garrincha como o maior jogador.
O Botafogo de Mané foi bicampeão carioca de 1961/62, campeão do Rio-São Paulo de 1962 e 1964 e ganhou inúmeros torneios internacionais. Juntamente com o Santos, abriu de vez as portas do mercado europeu para os jogadores brasileiros. Esses clubes tornaram-se a base da Seleção Brasileira, na época chamada de "A pátria de chuteiras", expressão criada por Nelson Rodrigues.
Mas a "Universidade do Futebol" de General Severiano não parou por aí: ao fim da geração de Garrincha, revelou outra para a história do Glorioso e do futebol mundial: a de Jairzinho, Paulo César Caju, Roberto, Rogério, Nei Conceição, Carlos Roberto, Ferreti, Afonsinho, Cao, Moreira, Valtencir, Othon Valentim, entre outros, formada em torno de três feras, Manga, Gérson e Sebastião Leônidas, tendo Zagallo como técnico.
O Botafogo ganhou outro bicampeonato carioca em 1967/68, foi bi da Taça Guanabara também em 1967 e 1968 e conquistou a Taça Brasil de 1968. Voltou a ser a base da Seleção Brasileira que viria a conquistar o tricampeonato mundial na Copa do México, em 1970. Os dois treinadores da gloriosa campanha também eram da casa: João Saldanha nas Eliminatórias e Zagallo no México.
- 1970 e 1980: O jejum de títulos
Depois dos anos dourados, veio a época de chumbo do Botafogo. Ela começou com a perda incrível do título estadual de 1971 para o Fluminense. No jogo final, o tricolor Lula fez um gol a dois minutos do fim, quando o empate de 0 a 0 bastava ao Glorioso, cujo time de craques era chamado de Selefogo. O gol fatal veio após falta de Marco Antônio sobre o goleiro Ubirajara Mota, mas o árbitro José Marçal Filho, depois de muita discussão, não marcou a infração, confirmando a vitória do Fluminense. Esse gol, até hoje contestado, estigmatizou Marçal para o resto de sua vida, mas também marcou o início do jejum botafoguense de 20 anos, que só viria a ser quebrado em 1989.
Mas o calvário alvinegro não foi apenas dentro de campo. O clube viu sua sede social e seu estádio famoso serem vendidos, em 1976, para a Vale do Rio Doce, como pagamento de dívidas fiscais. O patrimônio só viria a ser retomado em 1994, prenúncio de um grande ano, o de 1995, com a conquista do Campeonato Brasileiro na final contra o Santos.
Nesse período crítico, o Botafogo foi transferido para Marechal Hermes, subúrbio do Rio, até voltar para seu berço e retomar sua trajetória de glórias. No campo, o título carioca voltou a ser conquistado em 1989, de forma invicta, no dia 21 de junho, no segundo jogo da decisão contra o Flamengo, gol de Maurício. E foi repetido em 1990, com o bi sobre o Vasco.
- Década de 1990. A década Maravilha
Os anos 90 foram de mais conquistas para o Fogão. Começou com a Conmebol em 1993, numa final eletrizante contra o Peñarol, no Maracanã, decidida na cobrança de pênaltis após dramático empate de 2 a 2 no tempo normal. Seguiu-se o Brasileiro de 1995, em outra final dramática, desta vez contra o Santos: 2 a 1 no primeiro jogo no Maracanã, gols de Gottardo e Túlio, e um empate de 1 a 1 no Pacaembu, em São Paulo, gol do artilheiro Túlio Maravilha. Esse título poderia ter vindo antes, em 1992, quando, depois de liderar todo o campeonato, o Botafogo de Renato Gaúcho perdeu a decisão para o Flamengo: 3 a 0 e 2 a 2.
Em 1996, ganhou a Taça Cidade Maravilhosa, invicto com seis vitórias e apenas um empate. No mesmo ano conquistou a Taça Tereza Herrera, derrotando o Deportivo La Coruña e a Juventus, da Itália. Em 1997, após campanha espetacular, o Botafogo voltou a ganhar o Campeonato Carioca, derrotando o Vasco no segundo jogo da decisão por 1 a 0, gol de Dimba, "o gol da Dimbalada". Para chegar ao título, venceu de forma invicta e inédita a Taça Guanabara (12 jogos, 12 vitórias, duas delas sobre o Vasco) e a Taça Rio (oito jogos, cuja final foi contra o Fluminense).
Mas também houve uma grande decepção: diante de 111 mil fanáticos alvinegros, o maior público de uma só torcida no famoso estádio carioca, o Botafogo não passou de um empate de 0 a 0 com o Juventude, na final da Copa do Brasil, perdendo o título para o clube gaúcho.
- Anos 2000. O resgate da dignidade e uma nova casa
O novo século não começou dos melhores para o Botafogo. Em 2002, após campanha ruim, foi rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro junto com o Palmeiras. Entrou em grave crise política e financeira, mas encontrou forças para se recuperar já em 2003. Com o apoio de sua fiel torcida, transformou o Caio Martins num caldeirão e com um time modesto, mas de muita garra, retornou à série A ao lado do Palmeiras, o campeão da B.
Em 2006, com o técnico Carlos Roberto, um dos ídolos de sua história, voltou a ganhar o Carioca após duas belas finais: 3 a 1 sobre o América, na Taça Guanabara, e 2 a 0 e 3 a 1 sobre o Madureira, na decisão do título. Em 2007, no aspecto patrimonial, o Botafogo obteve uma de suas maiores vitórias: derrotou o Fluminense na disputa pela posse do lindo e moderno Estádio Olímpico João Havelange, construído pela Prefeitura do Rio para os Jogos Pan-Americanos de 2007. O estádio, que passou a ser conhecido como Engenhão, por conta de sua localização no bairro do Engenho de Dentro, Zona Norte da cidade, foi inaugurado em 30 de junho de 2007 com vitória do Botafogo: 2 a 1 sobre o seu mais velho rival, o Fluminense, dois gols de Dodô, contra um de Alex Dias. Hoje, ele se tornou Stadium Rio.
Fonte: Botafogo.com.br
No dia 1º de julho de 1894, nascia na praia de Botafogo o CLUB DE REGATAS BOTAFOGO. O clube ganhou esse nome em homenagem à enseada do bairro onde competiam os seus barcos. A sede era em um casarão, demolido, no sul da praia de Botafogo, encostado ao Morro do Pasmado, onde hoje termina a Avenida Pasteur. Em 1889, surgiu uma lenda nas águas da Baía de Guanabara, a embarcação botafoguense Diva, que venceu todas as 22 regatas que disputou, sagrando-se campeã carioca.
O Club de Regatas Botafogo foi o primeiro clube carioca campeão brasileiro de alguma modalidade esportiva: de remo, em campeonato realizado no Rio de Janeiro em outubro de 1902, com a vitória do atleta Antônio Mendes de Oliveira Castro, que anos mais tarde viria a se tornar presidente do clube.
Os fundadores do Club de Regatas Botafogo: Alberto Lisboa da Cunha, Arnaldo Pereira Braga, Arthur Galvão, Augusto Martins, Carlos de Souza Freire, Eduardo Fonseca, Frederico Lorena, Henrique Jacutinga, João Penaforte, João Teixeira, José Maria Dias Braga, Julio Kreisler, Julio Ribas Junior, Luís Fonseca Quintanilha Jordão, Oscar Lisboa da Cunha e Paulo Ernesto de Azevedo.
- Botafogo Football Club
No ano de 1904, surgia no bairro de Botafogo um novo clube de futebol, o Electro Club, primeiro nome dado ao Botafogo Football Club. A associação nasceu de uma conversa entre dois amigos durante uma aula. Flávio Ramos e Emmanuel Sodré estudavam no colégio Alfredo Gomes e, durante uma aula de álgebra, nascia a primeira ideia de fundar um clube, através de um bilhete passado por Flávio a Emmanuel, que dizia: "O Ithamar tem um clube de football na Rua Martins Ferreira. Vamos fundar outro no Largo dos Leões? Podemos falar aos Werneck, ao Arthur César, ao Vicente e ao Jacques". E assim tudo começou.
Esse bilhete foi interceptado pelo professor de matemática, general Júlio Noronha, que advertiu não ser aquele o momento mais apropriado para conversas daquele tipo, ressaltando, porém, que apoiava qualquer ideia relativa à prática de esportes. Estava dado então o primeiro passo para o nascimento do Glorioso".
Naquela mesma noite, Flávio Ramos conversou com Octávio Werneck, na Rua Voluntários da Pátria, e o convidou para criarem o novo clube. Finalmente, na tarde de 12 de agosto de 1904, o clube seria formado por um grupo de colegiais com idades entre 14 e 15 anos, no chalé de um velho casarão em ruínas da Rua Conselheiro Gonzaga, esquina da Rua Humaitá com Largo dos Leões, gentilmente cedido aos garotos por Dona Chiquitota, avó materna de Flávio, grande amiga e verdadeira mãe do clube que estava nascendo."
Os meninos, que residiam no bairro de Botafogo, reuniram-se com os outros amigos em um casarão no Largo dos Leões para fundar o Electro Club. Esse foi o primeiro nome dado ao Botafogo, pois os meninos decidiram cobrar mensalidade e acharam um talão de um extinto clube com esse nome, que resolveram então adotar. Mas o Electro Club só durou até o dia 18 de setembro, quando foi feita outra reunião na casa da avó de Flávio, Dona Chiquitota, que se assustou ao saber o nome do clube e então argumentou: "Ora, morando onde vocês moram, o clube só pode se chamar Botafogo", aconselhou Dona Chiquitota. E assim foi feito. O clube então passou a se chamar Botafogo Football Club.
O primeiro amistoso ocorreu no dia 2 de outubro de 1904, contra o Football and Athletic Club, na Tijuca: derrota por 3 x 0. A primeira vitória viria no segundo jogo, em 21 de maio de 1905, sobre o Petropolitano, 1 a 0, gol de Flávio Ramos. Em 1906, o time participou do primeiro Campeonato Carioca. No ano seguinte, terminou empatado com o Fluminense, sagrando-se campeão, em título reconhecido apenas em 1996.
O primeiro Campeonato Carioca conquistado e comemorado imediatamente após o apito final foi em 1910. Com uma campanha irrepreensível, marcada por sete goleadas, o clube não apenas foi campeão como ganhou o apelido de Glorioso. Dois anos mais tarde, novo título carioca.
Na década de 30, outra época gloriosa. O time conquistou o tetracampeonato carioca, de 1932 a 1935, feito inédito no Rio de Janeiro. Assim nascia o Botafogo Football Club, que depois de trinta e oito anos de existência uniu-se ao outro Botafogo, o de Regatas, dando início ao Botafogo de futebol e Regatas.
Fundadores: Álvaro Werneck, Arthur Cesar de Andrade, Augusto Paranhos Fontenele, Basílio Viana Junior, Carlos Bastos Neto, Emanuel de Almeida Sodré, Eurico Viveiros de Castro, Flávio da Silva Ramos, Jacques Raimundo Ferreira da Silva, Lourival Costa, Octávio Werneck, Vicente Licínio Cardoso.
- Botafogo de Futebol e Regatas
O Botafogo de Futebol e Regatas nasceu oficialmente no dia 8 de dezembro de 1942, como resultado da fusão de dois clubes com o mesmo nome: o Club de Regatas Botafogo e o Botafogo Football Club. Os dois clubes tinham suas sedes no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e se uniram depois de um triste fato.
No dia 11 de junho de 1942, os dois clubes disputavam uma partida de basquete pelo Campeonato Estadual e o jogador Albano, do Botafogo F.C., durante o intervalo, caiu em quadra, vítima de um ataque fulminante. A partida foi interrompida a dez minutos do final, quando o placar marcava CRB 21x 23 BFC. O corpo de Albano saiu da sede de General Severiano e, quando passava em frente ao Mourisco Mar, o então presidente do C.R.Botafogo, Augusto Frederico Schimidt, disse: "Comunico nesta hora a Albano que a sua última partida resultou numa nítida vitória. O tempo que resta do jogo interrompido os nossos jogadores não disputarão mais". O então presidente do Botafogo Football Club, Eduardo Góis Trindade, respondeu: "Nas disputas entre os nossos clubes só pode haver um vencedor, o Botafogo!" Schimidt então selou a fusão: "O que mais é preciso para que os nossos dois clubes sejam um só?".
Com a fusão foram feitas apenas três alterações: a bandeira perdeu o escudo das letras entrelaçadas do CRB e ganhou a estrela solitária do Botafogo Football Club; a equipe passou a usar calções pretos e a bandeira ganhou um retângulo preto, com uma estrela branca ao alto. Nos anos 30, durante a cisão entre amadores e profissionais, o Botafogo conquistou o único tetra do Campeonato Carioca, representado por quatro estrelas acima do escudo na camisa. Atualmente, porém, o Botafogo não utiliza mais essas estrelas complementares, deixando apenas a do escudo e fazendo valer o apelido de Estrela Solitária.
O primeiro título veio seis anos depois, em 1948, com Carlito Rocha como dirigente e o cachorro Biriba como mascote, derrotando em General Severiano o lendário Expresso da Vitória, do Vasco da Gama. Os anos que se seguiram foram marcados por vitórias e ídolos. Em 1957, o título carioca foi conquistado com uma histórica goleada por 6 a 2 sobre o Fluminense. O time alvinegro reuniu craques como Garrincha, Nilton Santos, Didi, Quarentinha, Amarildo, Paulo Valentim e Zagallo, conquistando três Campeonatos Estaduais, três Rio-São Paulo e servindo de base para a Seleção Brasileira que conquistou as Copas do Mundo em 1958 e 1962. Outro time glorioso foi o de 1967-1968, que conquistou o bicampeonato carioca e a Taça Brasil.
A volta dos títulos começou em 21 de junho de 1989, na histórica vitória de 1 x 0 sobre o Flamengo, quebrando o jejum de 20 anos com uma campanha invicta. No ano seguinte veio o bi, em 1993 a Copa Conmebol e, em 1995, o Campeonato Brasileiro, comandado por Túlio, Gonçalves e Donizete, entre outros. No mesmo ano, o clube voltou para a antiga sede, onde a torcida comemorou a Taça Guanabara (com 100% de aproveitamento) e o Campeonato Estadual de 1997. Para completar a década, o tetracampeonato do Rio-São Paulo em 1998.
Como nada é fácil para o Botafogo, o clube voltou a passar por dificuldades. A maior delas foi a queda para a Segunda Divisão em 2002. No ano seguinte, entretanto, abraçado por sua torcida, o time garantiu o acesso. Em reconstrução, o Botafogo conquistou o Carioca em 2006 e chegou a três finais consecutivas nos anos seguintes. Paralelamente a isso, em 2007 ganhou a licitação para administrar o Estádio Olímpico João Havelange durante 20 anos.
Outras Histórias
- Primeira Década
O primeiro jogo do Botafogo Football Club foi no dia 2 de outubro de 1904, um amistoso contra o Football and Athletic Club, no campo do último, que ficava na Rua Haddock Lobo, na Tijuca. O Botafogo perdeu por 3 a 0 com este time: Flávio Ramos, Victor Faria e João Leal; Basílio Vianna, Octávio Werneck e Adhemaro De Lamare; Norman Hime, Ithamar Tavares, Álvaro Soares, Ricardo Rêgo e Carlos Bittencourt.
A primeira vitória só viria no dia 21 de maio de 1905, num amistoso contra o Petropolitano, no campo da rua Voluntários da Pátria: Botafogo 1 a 0, gol de Flávio Ramos. A segunda viria sobre o Colégio Militar. Em seguida, veio a revanche sobre o Athletic: 2 a 1, no dia 4 de junho.
Em 1906, finalmente, ocorreu a disputa do primeiro Campeonato Carioca de Futebol, organizado pela Liga Metropolitana, fundada em 21 de maio de 1905 pelos seguintes clubes: América, Athletic, Bangu, Botafogo, Fluminense e Petropolitano. O campeonato era para os primeiros e os segundos quadros, de aspirantes, que faziam as preliminares dos jogos. O Botafogo tornou-se o primeiro clube carioca a conquistar um título. O Glorioso foi campeão dos segundos quadros, competição disputada antes do torneio de primeiros quadros, vencido pelo Fluminense. Mas a conquista dos primeiros quadros não demorou, vindo em 1907 e de forma polêmica: o título foi dividido com o Fluminense, o maior rival da época. O clássico entre os dois times, anos depois, ganhou da imprensa o título de Clássico Vovô, o mais antigo do futebol brasileiro.
Mas o título mais importante da primeira década foi o de 1910, quando o Botafogo ficou conhecido como o Glorioso, adjetivo que viria a consagrá-lo e que foi recebido após a goleada de 6 a 1 sobre o Fluminense. Depois de ganhar o terceiro título em 1912 pela nova liga que fundou, AMEA (por ter brigado com o América em 1911 e abandonado a Liga Carioca), o Botafogo entrou em um longo período sem ganhar títulos estaduais (18 anos). Em compensação, ganhou torneios e jogos amistosos contra equipes de outros Estados e de outros países, principalmente da Europa, inclusive Seleções.
E aumentou seu patrimônio, saindo do Largo dos Leões, no Humaitá, para a Rua General Severiano, onde construiu sua sede e seu estádio de futebol. A sede monumental, o Palacete da Avenida Venceslau Brás (atualmente tombado e que preserva sua construção original), foi inaugurada com um grande baile em 1928. O estádio propriamente dito, com capacidade para 25 mil pessoas, foi inaugurado dez anos mais tarde, em 28 de agosto de 1938, quando o Botafogo venceu o Fluminense por 3 a 2. Antes, em 1 de outubro de 1930, a iluminação do campinho de General Severiano, cuja capacidade era para 8 mil pessoas, foi comemorada com o jogo entre o Botafogo e o Atlético Mineiro, vencido pelo alvinegro carioca por 6 a 3. O longo jejum de títulos só foi interrompido com a conquista do Campeonato Carioca de 1930.
- Décadas Gloriosas: 1930 e 1940
Ao contrário dos anos 20 do século passado, as décadas de 30 e 40 foram de muitas conquistas para o Glorioso. Veio o tetracampeonato, único entre os clubes do Rio de Janeiro: 1932, 1933, 1934 e 1935. O Botafogo tornou-se a base da Seleção Brasileira, nas Copas de 1930, 1934 e 1938, revelando para o mundo craques e mais craques. O clube contratava os que surgiam em outros clubes do Rio, do restante do país e do futebol argentino e uruguaio. Entre esses talentos, destaca-se o famoso Leônidas da Silva, o Diamante Negro, que inventou o gol de bicicleta, em um jogo da Seleção contra a Itália, na Copa de 1938. General Severiano virou um celeiro de cobras, como Martim Silveira, Canalli, Paulinho Tovar, Carvalho Leite, Nilo Murtinho Braga, Patesko, Pirica, Átila e Heleno de Freitas.
Em 1936, o Botafogo, cuja fama já atravessara o continente, fez sua primeira excursão internacional: foram nove jogos no México e nos Estados Unidos, com seis vitórias, duas derrotas e um empate. Embora tenha conquistado apenas um título carioca nos anos 1940, o de 1948, 13 anos após o tetra de 1935, essa década foi muito rica para a história do Glorioso. Além de acumular vitórias internacionais, o clube montou grandes times, recheados de craques e ídolos, como Heleno de Freitas, Nílton Santos, Geninho, Gerson Santos, Ávila, Juvenal, Oscar Basso, Paraguaio, Pirilo, Oswaldo Baliza, Rubinho e Octávio.
A incrível mascote do Campeonato Carioca de 1948 foi o cachorro Biriba, um vira-lata branco com uma mancha preta, que entrava em campo com o time nos jogos e que se tornou uma lenda mundial. A fama da mascote chegou ao ponto de o Botafogo ter suas cotas em dólares, nas excursões ao exterior, aumentadas graças a uma cláusula que exigia a presença de Biriba.
Antes do jogo final do Campeonato Estadual de 1948, contra o Vasco, em General Severiano, Biriba ficou concentrado num hotel, vigiado 24 horas por seu cão de guarda, Macaé. O filé-mignon de Biriba era experimentado por Macaé antes de a mascote comê-lo. Essa medida foi tomada pelo lendário presidente Carlito Rocha, pois os vascaínos ameaçavam envenenar o cachorro para "desfalcar" a equipe na grande decisão. Com Biriba em campo, o Botafogo venceu por 3 a 1 e ficou com o título, depois de uma série de campeonatos perdidos para o mesmo Vasco, que possuía um timaço na época e era conhecido como Expresso da Vitória.
- Anos 50
A inauguração do Estádio Mário Filho, o Maracanã, construído para a Copa de 1950, aconteceu em 16 de junho daquele ano, com uma partida entre as seleções carioca e paulista. O primeiro gol no templo do futebol mundial foi marcado por uma das lendas alvinegras, Didi. O jogo terminou com vitória paulista por 3 a 1.
O primeiro jogo do Botafogo no novo estádio ocorreu após a trágica partida da Seleção na final da Copa, perdida para o Uruguai por 2 a 1, em 16 de julho. Foi um clássico contra o América pelo Campeonato Carioca. Resultado: derrota de 4 a 2, que foi devolvida no returno (2 a 1) e que levou o rival a perder para o Vasco o título praticamente conquistado.
Antes de ganhar seu primeiro título no Maior do Mundo, em 1957, o Botafogo revelou, num jogo contra o Bonsucesso em 19 de julho de 1953, em General Severiano, o maior fenômeno da história do futebol: Manoel Francisco dos Santos, o genial Mané Garrincha.
O Maracanã veio a conhecê-lo no clássico com o Flamengo, no dia 7 de setembro. Na vitória botafoguense por 3 a 0, Garrincha fez seu primeiro gol no estádio e levou o lateral rubro-negro Jordan à loucura com dribles e cruzamentos incríveis.
A consagração definitiva de Mané veio no dia 22 de dezembro de 1957, quando ele desmontou, na final, a defesa do Fluminense na goleada de 6 a 2. Foi autor de um dos gols e contribuiu para os cinco marcados por Paulinho Valentim, outra lenda botafoguense do primeiro título alvinegro no Maracanã. O supertime era dirigido por outro mito, João Saldanha, e tinha ainda outras feras: Nílton Santos, Didi, Pampolini, Quarentinha, Servílio, Beto, Tomé, Edson e Adalberto.
- Década de 1960. Época de Ouro do Botafogo
Com a conquista do primeiro título mundial da Seleção Brasileira, em 1958, na Suécia, sendo que o time do técnico Vicente Feola tinha, além de Zagallo, três gênios alvinegros, Nílton Santos, Didi e Garrincha, os anos 60 viriam a se transformar na década de ouro do Glorioso.
Além do bicampeonato mundial do Brasil no Chile, em 1962, com os mesmos três gênios da Suécia, o Botafogo aumentou sua cota em relação a 1958, com Amarildo, que substituiu nada menos que Pelé, machucado a partir do segundo jogo. O Possesso, apelido de Amarildo, foi decisivo na campanha, que teve Garrincha como o maior jogador.
O Botafogo de Mané foi bicampeão carioca de 1961/62, campeão do Rio-São Paulo de 1962 e 1964 e ganhou inúmeros torneios internacionais. Juntamente com o Santos, abriu de vez as portas do mercado europeu para os jogadores brasileiros. Esses clubes tornaram-se a base da Seleção Brasileira, na época chamada de "A pátria de chuteiras", expressão criada por Nelson Rodrigues.
Mas a "Universidade do Futebol" de General Severiano não parou por aí: ao fim da geração de Garrincha, revelou outra para a história do Glorioso e do futebol mundial: a de Jairzinho, Paulo César Caju, Roberto, Rogério, Nei Conceição, Carlos Roberto, Ferreti, Afonsinho, Cao, Moreira, Valtencir, Othon Valentim, entre outros, formada em torno de três feras, Manga, Gérson e Sebastião Leônidas, tendo Zagallo como técnico.
O Botafogo ganhou outro bicampeonato carioca em 1967/68, foi bi da Taça Guanabara também em 1967 e 1968 e conquistou a Taça Brasil de 1968. Voltou a ser a base da Seleção Brasileira que viria a conquistar o tricampeonato mundial na Copa do México, em 1970. Os dois treinadores da gloriosa campanha também eram da casa: João Saldanha nas Eliminatórias e Zagallo no México.
- 1970 e 1980: O jejum de títulos
Depois dos anos dourados, veio a época de chumbo do Botafogo. Ela começou com a perda incrível do título estadual de 1971 para o Fluminense. No jogo final, o tricolor Lula fez um gol a dois minutos do fim, quando o empate de 0 a 0 bastava ao Glorioso, cujo time de craques era chamado de Selefogo. O gol fatal veio após falta de Marco Antônio sobre o goleiro Ubirajara Mota, mas o árbitro José Marçal Filho, depois de muita discussão, não marcou a infração, confirmando a vitória do Fluminense. Esse gol, até hoje contestado, estigmatizou Marçal para o resto de sua vida, mas também marcou o início do jejum botafoguense de 20 anos, que só viria a ser quebrado em 1989.
Mas o calvário alvinegro não foi apenas dentro de campo. O clube viu sua sede social e seu estádio famoso serem vendidos, em 1976, para a Vale do Rio Doce, como pagamento de dívidas fiscais. O patrimônio só viria a ser retomado em 1994, prenúncio de um grande ano, o de 1995, com a conquista do Campeonato Brasileiro na final contra o Santos.
Nesse período crítico, o Botafogo foi transferido para Marechal Hermes, subúrbio do Rio, até voltar para seu berço e retomar sua trajetória de glórias. No campo, o título carioca voltou a ser conquistado em 1989, de forma invicta, no dia 21 de junho, no segundo jogo da decisão contra o Flamengo, gol de Maurício. E foi repetido em 1990, com o bi sobre o Vasco.
- Década de 1990. A década Maravilha
Os anos 90 foram de mais conquistas para o Fogão. Começou com a Conmebol em 1993, numa final eletrizante contra o Peñarol, no Maracanã, decidida na cobrança de pênaltis após dramático empate de 2 a 2 no tempo normal. Seguiu-se o Brasileiro de 1995, em outra final dramática, desta vez contra o Santos: 2 a 1 no primeiro jogo no Maracanã, gols de Gottardo e Túlio, e um empate de 1 a 1 no Pacaembu, em São Paulo, gol do artilheiro Túlio Maravilha. Esse título poderia ter vindo antes, em 1992, quando, depois de liderar todo o campeonato, o Botafogo de Renato Gaúcho perdeu a decisão para o Flamengo: 3 a 0 e 2 a 2.
Em 1996, ganhou a Taça Cidade Maravilhosa, invicto com seis vitórias e apenas um empate. No mesmo ano conquistou a Taça Tereza Herrera, derrotando o Deportivo La Coruña e a Juventus, da Itália. Em 1997, após campanha espetacular, o Botafogo voltou a ganhar o Campeonato Carioca, derrotando o Vasco no segundo jogo da decisão por 1 a 0, gol de Dimba, "o gol da Dimbalada". Para chegar ao título, venceu de forma invicta e inédita a Taça Guanabara (12 jogos, 12 vitórias, duas delas sobre o Vasco) e a Taça Rio (oito jogos, cuja final foi contra o Fluminense).
Mas também houve uma grande decepção: diante de 111 mil fanáticos alvinegros, o maior público de uma só torcida no famoso estádio carioca, o Botafogo não passou de um empate de 0 a 0 com o Juventude, na final da Copa do Brasil, perdendo o título para o clube gaúcho.
- Anos 2000. O resgate da dignidade e uma nova casa
O novo século não começou dos melhores para o Botafogo. Em 2002, após campanha ruim, foi rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro junto com o Palmeiras. Entrou em grave crise política e financeira, mas encontrou forças para se recuperar já em 2003. Com o apoio de sua fiel torcida, transformou o Caio Martins num caldeirão e com um time modesto, mas de muita garra, retornou à série A ao lado do Palmeiras, o campeão da B.
Em 2006, com o técnico Carlos Roberto, um dos ídolos de sua história, voltou a ganhar o Carioca após duas belas finais: 3 a 1 sobre o América, na Taça Guanabara, e 2 a 0 e 3 a 1 sobre o Madureira, na decisão do título. Em 2007, no aspecto patrimonial, o Botafogo obteve uma de suas maiores vitórias: derrotou o Fluminense na disputa pela posse do lindo e moderno Estádio Olímpico João Havelange, construído pela Prefeitura do Rio para os Jogos Pan-Americanos de 2007. O estádio, que passou a ser conhecido como Engenhão, por conta de sua localização no bairro do Engenho de Dentro, Zona Norte da cidade, foi inaugurado em 30 de junho de 2007 com vitória do Botafogo: 2 a 1 sobre o seu mais velho rival, o Fluminense, dois gols de Dodô, contra um de Alex Dias. Hoje, ele se tornou Stadium Rio.
Fonte: Botafogo.com.br
★ História do Botafogo de Futebol e Regatas
Reviewed by Igor do IB
on
janeiro 24, 2009
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