Ricardo e Cristóvão

Antes de mais nada. Você, leitor, que não tem tolerância quando se tece elogios a um rival, recomendaria a não continuar essa leitura.

Ricardo Gomes e Cristóvão Borges tiveram em 1999 a primeira parceria na Seleção Brasileira Pré-Olímpica, com o primeiro sendo o técnico e o segundo como auxiliar-técnico. Em 2004, cinco anos depois, voltaram a se reencontrar no Flu e em 2011, sete anos posteriormente, reeditaram a parceria pela última vez no Vasco - sempre nos mesmos cargos -, até o episódio que o Ricardo sofreu o AVC em pleno Vasco x Flamengo no Nílton Santos.

Desde então, Ricardo ficou afastado dos campos e Cristóvão, após assumir o cargo vago, ficou no Vasco até 2012, passando pelo Bahia em 2013, Fluminense no ano passado e até o início desse ano e está no Flamengo, assumindo logo após a demissão de Vanderlei Luxemburgo.

Com a notícia do retorno do amigo à sua antiga função, Cristóvão foi um dos primeiros a se posicionar via imprensa e demonstrar contentamento.

Foto: Vitor Silva.

“É muito especial. Já falei para ele que estou mais feliz com isso do que ele próprio, se é que isso é possível. No momento atual do futebol brasileiro, a presença de profissionais inteligentes como ele é fundamental”. Essas foram algumas das palavras do atual técnico do clube da Gávea. Não satisfeito fez questão de estar presente no estádio para acompanhar o insosso empate entre Botafogo e Luverdense no sábado.

Por precaução, foi visto por poucas pessoas e, possivelmente, não sendo registrado pela imprensa esportiva a sua presença. Cautela normal pois, infelizmente, esse tipo de prática não é comum e não é bem vista em nosso país, aonde a intolerância entre os rivais vem crescendo a cada temporada.

Foto: reprodução SporTV

Agora, ambos terão uma semana para trabalhar em seus respectivos clubes para que seus times possam render mais que em suas últimas partidas e que possam somar os três pontos na próxima rodada. Mas tenho uma absurda convicção que o último sábado foi especial para os amigos de longa data.

O futebol é muito mais que um jogo. Ricardo e Cristóvão reforçaram tal afirmação, aonde a rivalidade não foi empecilho para que a admiração mútua prevalecesse.

Por mais Ricardo. Por mais Cristóvão.

Por: Thiago Hildebrandt.